Escuridão

Antes de começar, gostaria de deixar claro que escrevi isso em meados de 1999 ou 2000, por isso, é muito antigo e meio bobo (ou meio antigo e muito bobo). Mas resolvi postar assim mesmo.

Estou andando pela rua. Tudo escuro, e o asfalto brilha molhado à luz da Lua, que cheia, me enche com sua claridade. Com as roupas e cabelos úmidos da fina chuva que risca a paisagem, vou fumando um cigarro, cantarolando entre um gole e outro de meu companheiro de mais de quarenta porcento de álcool.

Cambaleando sutilmente, vejo - sinto - que não estou sozinha. Estou sendo seguida, tenho certeza. E agora? Corro? Paro? Por via das dúvidas, aperto o passo. Mas aquela sombra continua ali, rente a mim, e por mais que eu não a veja, parece estar a meu lado.

Percebo que não há saída. Não vai adiantar correr, gritar, fazer o que for. Então, paro, e por menos de um segundo sinto que estou sozinha novamente. Por menos de um segundo. Depois desse mísero e ao mesmo tempo infinito intervalo de tempo, começo a ser arrastada. Não sei por quem, pelo quê ou como!

Quando paro, perco a consciência.

(...)

Acordo em uma cama. Olho para os lados, quase que por instinto, e vejo um quarto enorme, maravilhoso. Me levanto deslumbrada, louca para explorar aquele terreno totalmente novo para mim.

De repente, ele entra. Ele. O meu amor. Meu esperado amor. Sei que é ele. Não sei como ou porquê, mas é ele. Me pega em seus braços, brancos como seu belo rosto, esse, como a neve imaculada. Devagar, me deita na cama, me chama de amor e me faz mulher.

(...)

Ao acordar, experimento uma sensação que nunca experimentara antes. A de estar distante de todo o mundo. Ao olhar pela janela, percebo que é noite novamente, e sinto uma vitalidade quase embriagante. O acordo, para dividir com alguém este enorme prazer e ele me diz apenas uma coisa:

- Você agora é parte de mim, e eu de você. Estamos ligados por algo maior do que qualquer coisa que possa imaginar.

Entendo tudo. Claro! Como não havia percebido antes? Sempre nos amamos, mas vivíamos em mundos diferentes, e agora estávamos finalmente juntos. Ele me trouxe para seu mundo...