terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Supernova


Corria sem direção,
saboreando o fel de uma liberdade
que oprimia como prisão

Um breu quase palpável
Um caminho de pedras
Lágrimas de sangue

Vindo do céu, aquele anjo reluzente
estendeu-lhe a mão
Era seu nome que ouvia?

Tocou o próprio coração
a rocha de outrora
começava a sangrar

Saboreou de seu próprio líquido
e não tinha o mesmo sabor
O que sentia agora era doce

Olhou para cima, lá estava ele
Desesperou-se, quis mandar-lhe embora
e voltar para sua cela sem grades
Para o aconchego de sua solidão

Continuava ouvindo seu nome
Tapou os ouvidos
Não podia ser verdade...
Não queria que fosse verdade

Então as lágrimas não eram mais rubras
mas límpidas e cintilantes

Aquele olhar sedutor
não podia mais resistir
"venha, meu anjo"
Não proferiu com palavras
Mas com sua alma.

O ser iluminado desceu
e pôde então ver seu rosto
O que eram lágrimas
transformou-se em júbilo

Tocou mais uma vez o coração
agora era todo sangue
que se espalhava por todo o corpo
Aquecendo-o, como esquecera ser possível

Nada mais existia.

O caminho de pedras

O breu

Ou as grades

Agora era só emoção
A louca vontade de gritar

Agarrou-se com avidez a seu objeto de desejo
E numa explosão de paixão
Um clarão formou-se na Terra
Uma nova estrela nasceu.

3 comentários:

  1. Liberdade que sufoca! Solidão explosiva!
    Corroendo as entranhas e espalhando-as pela estrada da vida!
    E quando uma nova estrela nascer
    ficaremos atento ao que não podemos esquecer

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  2. gostei, principalmente do clima criado e, claro, do resultado final

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