Meu aniversário foi há alguns dias, e eu finalmente avancei pra casinha do 3.0 - como disse uma amiga semana passada: o único jeito de parar de envelhecer é morrer, então deixa quieto. Mas mesmo com esse pensamento otimista em mente, é meio difícil evitar essa pontinha de melancolia.
Enquanto você ainda está na casa dos 20, parece que não tem muita diferença entre 21 e 29... Afinal, você está na casa dos 20, o que insinua juventude. Eu deixei de ser "ultrajovem" por volta dos 22 ou 23 anos. Sexo casual, balada, virar madrugada bebendo, tudo isso foi muito divertido e eu não me arrependo de nada - mentira deslavada, me arrependo de uma pá de coisa -, mas essa fase passou.
Não foi um processo imediato. Durante um tempo, talvez alguns anos, continuei me enganando. De repente pode ser que isso tenha acontecido com você, também. Ou que ainda esteja acontecendo. E coisas que antes me traziam apenas satisfação começaram a apresentar uma sensação de satisfação momentânea acompanhadas de frustração e decepção nos dias/semanas seguintes.
Enquanto eu não percebi que o que antes me fazia bem, agora me fazia mal, continuei machucando a mim mesma. A partir do momento em que eu comecei a perceber isso, comecei também a levar um estilo de vida bem diferente de antes, levando em conta o que me faz bem e o que me faz ficar em paz.
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Isso não quer dizer que eu tenha deixado de amar meus amigos ou que eu não goste mais da companhia deles, de maneira alguma. Só quer dizer que aprendi a gostar mais da minha própria companhia. Que aprendi a valorizar os momentos de introspecção e silêncio.
Muita gente confunde isso com um sentimento negativo, mas não é. É apenas uma transformação. Todos nos transformamos, uns mais cedo, outros mais tarde. Alguns se transformam poucas vezes e outros, muitas. Algumas transformações são quase imperceptíveis, outras chocam até a nós mesmos.
É realmente estranho. Talvez para algumas pessoas não faça diferença alguma, mas para mim, entrar na casa dos 30 foi um divisor de águas. Principalmente em relação à saúde, física e mental. E percebi que para manter a sanidade, preciso manter também uma certa distância do mundo.
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