Esse é um texto extraído do Facebook a respeito da discussão sobre Touradas e sua exibição na televisão pela emissora portuguesa RTP. Mostra um argumento - vários, na verdade - que combatem a prática como expressão "cultural". Vale a pena conferir:
Cultura, tradições e costumes. Como tal fala-se em tourada.
Vamos debater então, já que é uma questão de argumentação.
Em certos países do mundo árabe é permitida uma pena de forma a não pôr em causa os ideiais culturais e civilizacionais daquele povo, que é a Sharia, isto é, punir tanto mulheres como homens adúlteros e homossexuais através do apedrejamento.
É cultura, é tradição.
Atualmente, a circuncisão masculina ainda é praticada como ritual religioso e também social por vários povos, como judeus e muçulmanos. Consideram um ato que faz parte da sua cultura religiosa.
É cultura, é tradição.
A Mutilação Genital Feminina (sigla MGF), termo que descreve esse ato com maior exatidão, é vulgarmente conhecida por excisão feminina ou Circuncisão Feminina. É uma prática realizada em vários países principalmente da África e da Ásia, que consiste na amputação do clítoris da mulher de modo que esta não possa sentir prazer durante o ato sexual. A sua prática acarreta sérios riscos de saúde para a mulher, e é muito dolorosa, por vezes de forma permanente. A UNICEF revelou que três milhões de mulheres em África e no Médio Oriente são sujeitas a mutilação genital todos os anos.
É Cultura, é tradição.
Uma tradição na Índia, com mais de quinhentos anos, diz que os bebês devem ser lançados de grandes alturas para terem sorte e uma vida saudável. Devotos pais muçulmanos e hindus reúnem-se em Solapur, na província de Maharastra, para a cerimônia: atiram as crianças do alto de uma torre, a uma altura de mais de dez metros. Como reagem? Naturalmente. O ritual, acreditam, fortalece as crianças, que caem sobre um pano branco esticado, próximo do solo, e que parece uma cama elástica. Mas conheço pessoas adultas que não se arriscariam a fazer o mesmo. Alguém perguntou aos bebês se eles queriam participar?
É cultura, é tradição.
Em Nabatiye, grupos de jovens desfilavam em frente à multidão cobertos de sangue e com as palmas batiam contra a cabeça gritando "Ali". Alguns seguravam espadas, outros navalhas. Quando sentiam que o sangramento parava, cortavam as suas testas um pouco mais. Sangrar, para eles, era um sinal de respeito. O problema é que alguns pais se encarregam de cortar seus bebés. Alguém em sã consciência acha que um bebê aprovaria tal brutalidade?
É cultura, é tradição.
Infanticídio entre indígenas. Se os outros rituais causam dor, este causa a morte. Pela tradição, muitas tribos indígenas enterram crianças vivas. Pesquisadores já detectaram a prática do infanticídio em pelo menos 13 etnias, como os ianomâmis, os apirapés e os madihas. Só os ianomâmis, em 2004, mataram 98 crianças. Os kamaiurás, a tribo de Amalé e Kamiru, matam entre 20 e 30 por ano. Os motivos para o infanticídio variam de tribo para tribo, assim como variam os métodos usados para matar as crianças. Além dos filhos de mães solteiras, também são condenados à morte os recém-nascidos portadores de deficiências físicas ou mentais.
É cultura, é tradição.
Aqui matar animais de forma covarde (sim, porque o único bravo é mesmo o touro, os outros até fogem e vão armados), só pelo belo prazer e interesse de alguns indivíduos, também acham que é cultura, é tradição.
Espero muito sinceramente que o Sr. José Carlos Abrantes, Provedor do Telespectador da RTP, tenha uma palavra séria a dizer sobre isto. Aguardamos.
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Vale lembrar que grande parte dos espanhois é contra a tourada. Não cabe julgar todo um povo pela atitude de apenas alguns. Mesmo que esses alguns ainda sejam muitos.
"E de repente o touro parou e olhou para mim. Com a inocência de todos os animais em seus olhos, mas também com uma súplica. Foi o olhar de uma injustiça inexplicável, o recurso contra a crueldade desnecessária. Desta vez tive pena de mim mesmo, e eu me senti o pior lixo do mundo."
APLAUSOS. Sou um ser ignorante demais para respeitar culturas que cultuam crueldade contra inocentes. Quer ser torturado ou mutilado por vontade própria, ótimo, o faça, mas não faça contra seres que não possam se expressar.
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