Veludo negro, veludo negro
Tocando sua pele alva
Os delicados pés
Acariciam o tapete macio
Sente os dedos entre as plumas
Fantasia de um outro carnaval
Rodopia, alucinada, sozinha em seu refúgio
Nua, o corpo coberto por apenas
Sua echarpe de veludo negro
Embala-se ao som da própria voz
Cantarolando uma música antiga
Inebriada pelo vinho em sua taça
Derrama sobre o próprio corpo
O líquido vermelho e quente
O som de sua música contagiante
Não a deixa ouvir os passos
Passos na varanda
Passos nas escadas
A visão turva, a meia-luz
Não a permite notar a aproximação
Uma sombra na noite
Um vulto no espelho
Um reflexo na lâmina
Tapete cor de creme
Tingido de carmim
Olhos vazios, pesarosos
Sangue e vinho misturados pelo chão
O líquido que esvai-se de seu corpo
Tem a cor de seu batom
Veludo negro, veludo negro
Banhado em tinta rubra.
Gostei, uma construção noir bem legal e envolvente.
ResponderExcluir:)