terça-feira, 3 de maio de 2011

Cinema e Jornalismo em cena

Vinícius Lemos é repórter da TV Paranaíba – afiliada da Rede Record em Minas Gerais no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba –, responsável pelo conteúdo do Blog Cinefilia. É completamente apaixonado por cinema, com uma coleção de fazer inveja a muitos reles mortais - eu, inclusive - e um blog que fala sobre o assunto. Mas ao invés de falar sobre ele e seu blog, resolvi fazer algo mais interessante: deixar que ele fale por si só:

Desde quando você se entende como um amante do cinema? Cursar Jornalismo de alguma forma influenciou essa paixão?
Eu era um louco por futebol. Isso até uns 12 anos. Me lembro que sempre gostei de filmes, sempre, e aos poucos essa paixão foi tomando o lugar do futebol. Imagino que foi quando percebi a falta de talento com a bola. Enfim. Acho que o ponto de virada desse amor foi O Rei Leão, em 1994. Tinha 10 anos e havia umas figurinhas que vinham nos chicletes, me apaixonei pelo filme antes de assisti-lo, só colecionando essas figurinhas. Quando fui ao cinema ver a animação, achei um outro lugar pra mim, fiquei espantado. Com o tempo tomei gosto de vez pelo Cinema. Cada vez mais e mais filmes. O Jornalismo, na verdade, não tem muito a ver com o amor pelos filmes. Só que me ajudou a escrever melhor. Não na gramática, mas na prática mesmo. E ainda continuo sendo corintiano.


Fazer críticas de filmes não é tão fácil quanto parece. Você fez algum tipo de curso ou estudo para hoje realizar essa tarefa?
Comecei escrevendo "críticas" por volta de 2001. Anotava todos os filmes que via e escrevia algo sobre ele, os motivos de ter gostado ou não. Era puro achismo mesmo. Mas sempre li muito sobre Cinema, principalmente críticas, muitas delas, o que te faz ficar com o olhar mais aguçado para a tarefa. Livros de teoria sobre Cinema também foram importantes. Mão que tenha lido tantos assim, mas nos que passei o olho foram primordiais. No ano passado fiz um curso com o crítico Pablo Villaça, do site Cinema em Cena. Um cara fantástico, completamente louco pela profissão e que manja muito. Foi em setembro, lá em Brasília, durou apenas uma semana, mas foi o suficiente para que eu entendesse melhor o que é ser crítico e procurar me aperfeiçoar.

Como você se mantém informado a respeito de novidades no mundo cinematográfico?
Internet e revistas. A web é fantástica para isso, apesar de lamentar o fim de revistas como a SET, a qual li desde muito jovem e nos últimos 8 anos colecionei.

Com que freqüência você vai ao cinema?
Tento ir ao Cinema pelo menos duas vezes ao mês. Pelo menos. Mas quer saber? Não ando conseguindo cumprir essa tarefa...

O que pensa a respeito da grande facilidade com que hoje encontramos filmes para download na internet? Acha que essa prática tem algum impacto direto na indústria do cinema?
O impacto é claro. Locadoras faliram e o Cinema ultimamente vem buscando novas ferramentas de levar o espectador para dentro das salas, já que o download é grátis e simples. Taí o 3D que não me deixa mentir. Baixar filmes quebra o Cinema sim. Não vai acabar com ele, nem de longe, mas o enfraquece de alguma maneira. Contudo, não acho justo que as pessoas sejam reféns de donos de cadeias de cinemas que não exibem filmes não-comerciais ou simplesmente acham que determinado filme não terá público. Baixar filmes deveria servir como um tipo de protesto. Se não me oferecem, que se danem! Mas poder ver um bom longa-metragem numa sala escura é um direito sagrado pra mim, afinal, aquela sim é a experiência máxima do Cinema, não há Home Theather e TV de 60 polegadas qualquer que substitua isso.


Por que colecionar filmes? Qual é a vantagem de ter filmes que já assistiu uma ou mais vezes?
Ah, todo mundo gosta de assistir a um filme que adora várias vezes. Eu mesmo já me cansei de ver Advogado do Diabo, o vi dezenas de vezes. A coleção é algo um tanto irracional, sei lá, gosto de ter os filmes, exibi-los e ficar olhando a prateleira cheia. Aquilo é o sinal de que posso vê-los quando quiser. Há uma ligação afetiva. Mas veja bem, eu não sou louco, ok? (risos)

Como faz a seleção de filmes que serão comentados/criticados no blog? Vai pelo seu gosto pessoal ou procura se manter alinhado ao que vai sendo lançado?
Eu não escolho muito os filmes aos quais assisto. Em casa principalmente: TV aberta ou a cabo, tanto faz. Nas locadoras procuro me manter ligado nos lançamentos, bem como no Cinema. E para todos eu faço um tipo de resenha no Blog Cinefilia. Para os filmes que vejo no cinema, escrevo críticas mais elaboradas. Já para os filmes que vejo em casa, tenho o espaço Resumo no Blog. No fim do ano faço as Listas de Melhores e Piores respeitando essa divisão.

De onde surgiu a ideia de pôr o site no ar, de dividir sua opinião e conhecimento com as pessoas?
Eu sempre quis dividir a minha opinião a respeito dos filmes. Sempre. Estudando jornalismo e com as críticas já sendo feitas há alguns anos, foi um pulo para que criasse o Blog Cinefilia. Era um tipo de portfólio para a própria profissão de jornalista e um meio de explorar melhor essa vontade de escrever sobre o Cinema. Assim, em janeiro de 2007 saiu o primeiro posto do Blog, ainda na casa antiga dele: http://blogcinefilia.zip.net/arch2006-12-31_2007-01-06.html

Fugindo um pouco do assunto, você cursou Jornalismo quando o diploma ainda era necessário para exercer a profissão. Você acha que a mídia perde qualidade com a decisão dele não ser mais uma obrigação para os profissionais?
Sem dúvida. Até hoje existem profissionais muito bons que exercem o Jornalismo sem nunca terem estudado para terem o diploma. OK, mas chega uma hora que é preciso levar a coisa à frente. Existir como profissão que exige um estudo é a melhor forma de mostrar que aquela categoria se preocupa com a qualidade intelectual das pessoas que a exercem. Há pessoas que nascem jornalistas, há outras que precisam ser formadas, tem potencial, mas necessitam de uma polida. A faculdade vai ajudar nisso. Já os que têm mais aptidão para tal, terão mais um meio para se aperfeiçoarem. Todos ganham, inclusive na formação de uma classe um pouco mais unida. Um pouco.

Para finalizar, fale um pouco sobre os sabores - e dissabores - do Jornalismo. Ainda compensa fazer o curso? Quais são as vantagens? Quais dificuldades encontrou pelo meio do caminho?
Acho que compensa sim. Jornalismo é uma profissão que vai além da técnica, mas ela será aprendida. Assim como a Ética, ainda mais importante. Haverá um contato maior com essa "regrinha básica" para todo jornalista. Ela não poderá despertar em alguém que a ignora, mas fará o bom profissional ficar mais atendo para tal. A profissão também exige muita dedicação e força para se manter num meio no qual a pressão é enorme. Trabalhando com o Jornalismo entendi a expressão "matar um leão por dia". As vezes dois, três. A maior dificuldade, porém, em Uberlândia pelo menos, é o mercado restrito, ainda crescente. A criatividade deve ser bem explorada para andar por todos os caminhos que o mercado oferece na cidade. Os que saboreiam, no entanto, sabem que o amargor de um dia é o doce de outro nessa profissão apaixonante. Tudo bem que você briga com ela de vez em quando, mas dá pra fazer as pazes na ocasião seguinte. Um verdadeiro casamento.


Você acompanha o Vinícius e seus pitacos sobre a telona no Blog Cinefilia e no Sexta no Cinema!

4 comentários:

  1. Parabéns pelo post!
    Ficou muito bacana a entrevista e extremamente agradável de ler.
    Conheço o trabalho do Vinícius pois ele estudou comigo na faculdade e sei o quanto esse cara curte cinema.

    No mais, deixo mais uma vez os parabéns e que venham mais postagens como essa.

    Beijão Julie!

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  2. Gostei muito da entrevista, Julie! Não conhecia o Vinícius e curti muito saber sobre a construção do processo de análise para seus comentários sobre os filmes. O cara é fera, e o mais bacana é que ele gosta de dividir seus conhecimentos. Dividir é somar, não é?
    Parabéns aos dois!
    Bjo pra ti ruiva.

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  3. Essa Mara aí de cima sou euzinha, viu? kkkkkkkk

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