domingo, 10 de abril de 2011

Ser cool é ser cruel?

Faz tempo que estou querendo escrever sobre isso, mas confesso que um grave bloqueio resolveu se instaurar sobre minha preciosa mente. Cheguei até a escrever, mas ficou um texto tão porco que resolvi ignorar e começar novamente.

Tenho reparado em uma coisa que não sei se aconteceu sempre e eu nunca reparei, se ficou mais frequente ou se realmente é coisa nova.

 A popularização dos computadores e da internet causou um fenômeno muito curioso, hoje parece que todo mundo é obrigado a ter opinião sobre tudo e a deixar bem claro para o mundo que opinião é essa. Mesmo que ninguém tenha perguntado. E mesmo quando não se tem condições nenhuma para se criar uma opinião sobre tal assunto. E o que mais me incomoda: a agressividade.

Exemplo fictício: eu escrevo uma postagem, explicando os motivos racionais de porque eu não gosto de Restart. Resposta agressiva: "você é uma invejosa, mal-amada, recalcada, vai tomar no $% sua &#%$". Sem qualquer tipo de argumentação.

No twitter também é bastante comum ver ataques a determinadas bandas e/ou times, e o pior, àquelas pessoas que gostam destes. Uma coisa é você não gostar de Restart, como eu. Outra, é classificar todos que gostam como retardados, infantis, ou coisa do gênero. Eu classifico, no máximo, como alguém que não tem bom gosto para música. Mas sei que provavelmente vão achar o mesmo de mim. Estão errados? Quem é a autoridade maior que disse que Rock é bom e que Axé é ruim, por exemplo? Por mais que eu tenha certeza de que essa é a classificação correta, não tem nada de absoluto que prove que eu estou certa. Essa é uma impressão minha, nada mais do que isso.

Outra coisa que me incomoda profundamente: se referir a torcedores de um ou outro time como uma massa única. São paulinos são homossexuais - não que isso seja defeito, longe de mim querer insinuar uma bobagem dessas -. Flamenguistas são pobres. Corinthianos são bandidos. ALÔU?? Gente, ninguém tem um comportamento pré-determinado a partir do time que torce não! Tem são paulino bandido, corinthiano pobre e flamenguista homossexual!

Onde eu quero chegar: uma pessoa não é indigna de confiança ou afeto ou de amizade simplesmente porque ela ouve Restart e/ou reza para uma entidade diferente da minha e/ou torce para um time diferente do meu. Acho que expressar suas opiniões e suas ideias é legal, e é importante, mas canja de galinha e um pouco de tato nunca fez mal a ninguém.

Do mesmo jeito que alguém não é pior por ser católico, outra pessoa não é melhor porque gosta de, sei lá, Led Zeppelin. Você pode ser roqueiro, curtir as coisas mais clássicas ou as mais underground do mundo que isso não faz de você especial. Essa vontade de atacar e ofender coisas que fazem sentido para outras pessoas só me remete à sensação de que esse sujeito se sente vulnerável em relação às coisas que gosta e/ou acredita.

Tragédia no Rio de Janeiro. Eu não fico chorando mágoas, mas tenho um profundo respeito e pesar pelas famílias das pessoas que perderam ali filhos, sobrinhos e netos. É claro que tem gente morrendo todos os dias em todos os lugares do mundo por outros motivos, mas não se sentir penalizado ao ver a dor de uma mãe, de uma avó para mim é coisa de quem não sabe o que é a dor da perda. E que tal esperar um pouquinho para começar a fazer piadinhas? Sou chegada num humor negro, todo mundo sabe, mas acho que não custa nada demonstrar só um pouco de respeito e esperar no mínimo o horror esfriar.

Acho que hoje a gente vive em um mundo onde não se respeita mais um ao outro, as pessoas pensam muito pouco em qualquer um além delas mesmas, e acho que essa necessidade de querer parecer inteligente - o que às vezes nem é necessário, porque essa pessoa de fato possui inteligência - é no fundo necessidade de ser notado, de ser amado, mimado, ou até mesmo ofendido. Porque assim sabe que sua "opinião" surte efeito em alguém.

Quero deixar claro que minha opinião não é ofender ninguém. Se você se sentiu ofendido com alguma coisa aqui, é hora de parar para pensar: talvez você ande ofendendo bastante gente por aí.


Obs.: a ideia do título da postagem veio de um tweet do Maurício Ricardo, cartunista famoso pelas charges do BBB e que mora na mesma cidade que eu.

4 comentários:

  1. Bem isso de fato acontece... Ainda me surpreendo com muitas coisas que vêem acontecendo no mundo e talvez por isso eu tenha ficado mais na minha concha. Meu mundinho pessoal em me sido melhor por hora e eu lido com o mundo real quando necessário. Acontece às vezes de eu saber de desgraças como as do Rio alguns dias depois do ocorrido, pelo simples fato de eu não ter mais estômago pra assistir TV Aberta. Me faz passar mal o sensacionalismo e a maneira como a mídia ganha dinheiro em cima da dor alheia, por isso eu meio que desliguei de noticiais em gerais... Não sei se o que faço é o certo, mas eu meio que cansei dos seres humanos a minha volta, tomando conta apenas dos que me amam e me agradam. De resto, não ligo, não quero saber e desejo que tenham no mínimo uma boa vida me deixando quietinha. Claro que em situações como a que você descreveu de calamidades e tragédias eu tento ainda buscar meu lado humanitário e sentir o pesar mencionado que você citou, mas fora isso Ju, Luninha aqui fechou as portas pra esse mundo louco que estamos vivendo.

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  2. Ah, depois que criaram a internet, e somaram isso aos meios de publicação instantâneo e comunicação em massa, todo mundo hoje é pseudo-intelectualóide!
    Ainda mais depois da disseminação dos blogs "ctrl+c -> ctrl+v"...
    Tenso.

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  3. Você tem razão. As pessoas não se respeitam mais, agora se separam em grupinhos que ficam atacando uns aos outros. E se você não faz parte dos adoradores da modinha do momento, meu Deus, voce existe mesmo?! Muito ridículo. Perdeu-se a originalidade e o respeito.

    Abraços!

    http://vivereler.blogspot.com/

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  4. É complicado, como já falaram hoje praticamente todo mundo se tornou um intelectual com doutorado em sociologia onde cada um do seu modo, certo ou errado, passa a ser donos absolutos de suas verdades passando a querer importo a todo custo. Para mim isso se dá através da falta de argumentos e amadurecimento.

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